A exploração espacial é algo importante para o desenvolvimento de novas tecnologias e para que o ser humano conheça o mundo em que está inserido. Como as distâncias são colossais, são diversos anos para que naves cheguem em seus destinos. Uma das mais lembradas e históricas foi a Cassini, que viajou até Saturno e foi aposentada em 2017.
Quando ela foi criada? A missão deu certo? Confira.
Nave Cassini
A Nave Cassini foi fruto de um projeto envolvendo 27 nações que buscavam conhecer um pouco mais sobre o distante Planeta Saturno. A missão durou 20 anos, isso desde o lançamento, sem considerar todo o projeto que foi desenvolvido antes. Ela mandou milhares de informações importantes para a Terra, resultando em diversos trabalhos científicos.
O que é Cassini-Huygens?
Cassini-Huygens foi o nome da missão que chegou mais perto até hoje do Planeta Saturno e de suas luas. Foi lançada em 15 de outubro de 1997, sendo uma parceria entre as agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa), da Europa (Esa) e Itália (Asi). Possuía dois equipamentos centrais: a nave Cassini e a sonda Huygens. O projeto levou duas décadas para sair do papel.
Quando começou o projeto?
Uma viagem com estas dimensões, mesmo que não tripulada, exige milhares de cálculos, projeções e preparação. Em 1982 a Voyager foi enviada para o espaço, logo depois surgiu o desejo de mandar uma sonda para Saturno. Foram 15 anos de estudos, para que em 1997 a Cassini fosse lançada, direto do Cabo Canaveral, nos Estados Unidos.
O destino da nave era Saturno, mas antes de chegar lá ela passou duas vezes por Vênus e uma por Júpiter. Entre 2001 e 2002 a câmera ficou um pouco embaçada, sendo o problema solucionado tempos depois, devido ao aquecimento da nave. A chegada em Saturno aconteceu em 2004 e quatro meses depois sobrevoou a lua Titã.
Como era a nave Cassini?
O orbitador Cassini pesava 2.150 kg, ou seja, mais de duas toneladas, enquanto o pousador Huygens tinha 350 kg. Essa foi a maior e mais complexa nave interplanetária construída no século passado. Somado ao foguete lançado, a massa total foi de 5.600 kg. A construção da Cassini foi complexa, para que os resultados obtidos por meio das observações fossem consistentes.
Carregava 1630 componentes eletrônicos interconectados, 22 mil ligações de fios e mais de 14 km de cabeamento. O calor excedido pelo material radioativo Plutônio-238 gerava o combustível necessário para as locomoções, já o Huygens contava com baterias químicas. Os sinais de rádio levavam entre 64 e 84 minutos para chegar até a Terra, devido a órbita.
Equipamentos da Cassini
A nave contava com um radar, sistema de dispositivo de carga acoplada (CCD), espectrômetro de mapeamento por meio da luz infravermelha, um equipamento de magtosfera, magnetômetro e íons naturais. Possuía diversos transmissores espaciais, nos sistemas S-band e Ka-band, que ajudaram durante análises em Titã e Saturno, servindo ainda para a medição do campo gravitacional.
Cassini em Vênus
Vênus é um planeta vizinho da Terra e a Cassini passou por lá entre 1998 e 1999. Os engenheiros programaram uma série de manobras para aproveitar a força da gravidade e gerar velocidade, poupando combustível de plutônio. A nave retornou a Terra, ganhando mais impulso e em agosto de 1999 chegou próxima da Lua, nunca mais retornando.
Sem controle em tempo real
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos cientistas era o envio de comandos. Quando a nave Cassini estava em Saturno, levava até 3 horas para que os sinais enviados fossem recebidos e executados. Ou seja, a partir do momento que percebiam um problema, ia demorar para que ele fosse solucionado, mesmo assim conseguiram vencer a dificuldade e nada de grave aconteceu.
Qual era o combustível da Cassini?
A nave Cassini era movida por meio da queima de plutônio. Essa forma foi escolhida devido a distância para o Sol, impedindo que painéis solares funcionassem como gerador de energia, além disso, seriam grandes e pesados. A Cassini possuía três geradores termoelétricos de radioisótopos (GTR), abastecidos com 33 kg de plutônio.
Esse combustível não seria suficiente para 20 anos, por isso os pesquisadores concluíram que seriam necessárias manobras conhecidas por estilingues gravitacionais, pegando embalo para reduzir o consumo. Foi por isso que a Cassini visitou a Terra dois anos depois de ter partido e passou por Vênus, conseguindo esse empurrãozinho até o destino.
Cassini em Júpiter
Além do gigante Saturno, a nave passou por Júpiter, em dezembro de 2000. De lá foram enviadas 26 mil fotografias, ajudando a explicar sobre as nuvens e cinturões que rodeiam aquele planeta.
Números da nave Cassini
Ao longo de sua jornada rumo a Saturno, ela viajou 7,9 bilhões de quilômetros e fez 453.048 fotografias. Trabalharam no projeto 27 nações, auxiliando na descoberta de seis luas, resultando na publicação de 3.948 estudos. A Cassini enviou para a Terra nada menos do que 635 GB de informações, obtidas ainda com 162 sobrevoos nas luas do planeta e as 294 órbitas completadas.
Era para acabar em 2008
A missão primária da Cassini foi concluída no dia 31 de maio de 2008, após ter realizado descobertas nos lagos de Titã, nos anéis de Saturno e até de água líquida em Encélado. Um pouco antes, em 15 de abril daquele ano, os norte-americanos informaram que disponibilizariam mais dinheiro para os estudos da nave, na Missão Cassini Equinox.
O que aconteceu com a nave Cassini?
No dia 15 de setembro de 2017 as equipes que comandavam o projeto decidiram abandonar a Cassini, já que ela estava sem combustível. A nave foi jogada na atmosfera de Saturno, se desintegrando e passando a fazer parte daquele planeta. Os últimos dados que enviou para a Terra serviram para analisar a estrutura desse gigante gasoso.
O último contato
No dia 15 de setembro, às 7h31min (Brasília), ela foi destruída pelo clima de Saturno. Os últimos sinais enviados pela Cassini foram recebidos 83 minutos mais tarde. Conforme Linda Spilker, diretora da missão, a nave enviou com sucesso as últimas imagens para a Terra, ajudando a revelar enigmas referentes ao surgimento do Sistema Solar.