Provavelmente você já viu o filme dos Smurfs, aquelas criaturas azuis e adoráveis. E pessoas com a pele azul? Pode parecer estranho, mas eles realmente existiram e viviam nos Estados Unidos. Hoje em dia um descendente ainda está vivo.
Por que tinham essa condição? Era uma doença? Confira os detalhes a seguir.
Povo azul do Kentucky
O povo azul do Kentucky consistia numa família com uma anomalia e um dos genes, alterando a coloração da pele. Essa condição foi intensificada devido ao afastamento de outras comunidades e o casamento entre parentes. A questão ganhou um foco após análises de um médico.
Quando surgiram as pessoas azuis?
Em 1820 o francês Martin Fugate se mudou para um assentamento remoto em Troblesome Creek, no leste do Kentucky. O homem era órfão e neste local ele desejava iniciar a sua família junto com a mulher Elizabeth Smith, que tinha o cabelo tão branco quanto a neve que cai no ártico. Isso não importava muito, já que eles eram saudáveis.
Tudo certo, um casal feliz que sonhava em formar uma família e ter uma vida tranquila deixando herdeiros. Acontece que Fugate e sua esposa tinham algumas alterações genéticas, mudando a tonalidade de sua pele para nada menos do que azul. O francês e a sua mulher tiveram sete filhos e quatro deles herdaram as condições dos pais.
Onde morava o povo azul do Kentucky?
Hoje ninguém sabe qual o paradeiro do último descendente a ter nascido com a cor azul, Benjamin Stacy. Antes a família vivia no condado de Breathitt, no estado do Kentucky, nos Estados Unidos. Seguiram vivendo por lá entre os séculos XIX e XX, até que as novas gerações se dispersaram por outras regiões do território norte-americano.
Quem foi Martin Fugate?
Martin Fugate é a primeira pessoa que se tem registro com a coloração azul em sua pele. Ele viveu no começo do século XIX e se mudou da França para os Estados Unidos. O mais estranho é que Martin encontrou uma mulher com as mesmas características genéticas que possuía, e acabou casando com ela. A diferença é que Elizabeth Smith tinha o gene anormal e sua pele era branca.
Quem é Benjamin Stacy?
Segundo consta, Benjamin Stacy nasceu em 1975 e gerou espanto na população local devido a cor azul de sua pele, ele é tataraneto de Martin Fugate e Elizabeth Smith. Ainda no hospital, as parteiras tentaram realizar a transfusão de sangue, imaginando que a criança havia nascido doente.
Se a história for verdadeira, hoje Benjamim Stacy tem mais de 40 anos de idade. Ninguém sabe onde ele mora e provavelmente já não tem mais a pele azul, sendo que a cor foi reduzindo com o passar dos anos.
Como é a mudança genética?
Essa cor azul é uma mudança genética conhecida por metemoglobinemia, que altera os índices de metemoglobina nos glóbulos vermelhos do sangue, fazendo com que eles cheguem a 1%. Dessa forma a pele ganha a tonalidade azul, os lábios passam a ficar roxos e o sangue também não tem a cor normal, em vez do vermelho ele é castanho achocolatado.
Além de poder ser transmitida para as gerações futuras devido a bagagem genética, a metemoglobinemia pode aparecer devido a exposição por produtos químicos, como benzocaína e xiolcaína. Pesquisadores acreditam que o gene é defeituoso, causando essa alteração na cor da pessoa, gerando modificações na enzima chamada dedutase metemoglobina citocromo-b5.
A cor azul traz problemas de saúde?
Não. No início essa questão trazia muitas dúvidas para a família, que não procurava médicos convencionais com medo de assustar ou até mesmo sofrer com possíveis experienciais cientificas. Ninguém com este gene apresentou problemas devido a coloração, atingindo idades entre 80 e 90 anos antes de morrerem.
Vergonha e humilhação
As pessoas azuis do Kentucky sofreram por anos com piadas de mau gosto e diversos tipos de humilhação. Os mais novos inclusive passaram por traumas psicológicos devido a vergonha. Com tanta discriminação por parte da sociedade, procuraram se isolar em comunidades mais afastadas e menos habitadas.
Os Fugate mal sabiam que essa ideia poderia aumentar o problema. Longe de outros povos, adotaram a endogamia, onde parentes próximos acabam tendo filhos, potencializando a metemoglobinemia. Um dos filhos de Fugate e Smith chamado Zachariah, acabou se casando com uma de suas tias. A pequena comunidade de Troblesome Creek era perfeita para o gene florescer.
Estudos científicos
Foi somente na década de 1960 que o povo azul do Kentucky foi estudado cientificamente. O doutor Madison Cawein ficou sabendo que existiam algumas pessoas com essa coloração de pele vivendo naquele estado, então recrutou uma enfermeira chamada Ruth Pendergrass e iniciou a sua investigação. Os dois tiveram um trabalho árduo para relatar esta raridade.
Acontece que Ruth havia sido procurada algum tempo antes por uma mulher azul, quando ela trabalhava no sistema de saúde daquela região. Essa mulher desejava um exame de sangue. Depois a dupla passou a se encontrar com outros azuis, como o casal Patrick e Rachel Ritchie. O médico escreveu em sua publicação que eles se sentiam envergonhados pelo tom da pele.
Cawein realizou exames para identificar se a cor não era causada por problemas cardíacos. O médico e a enfermeira levantaram informações e desenvolveram uma árvores genealógica. Ele conseguiu transformar em rosa a pele do casal citado, utilizando uma medicação e um corante, porém, este efeito foi temporário. Dessa forma, o médico entregou-lhes comprimidos de azul de metileno para que tomassem diariamente.
O povo azul do Kentucky existiu mesmo?
Sim. As informações encontradas geralmente são parecidas, até mesmo buscando em fontes norte-americanas. É possível afirmar que o povo azul do Kentucky, iniciado com o casal Martin Fugate e Elizabeth Smith realmente existiu. Um fato que serve para comprovar essa história foi a pesquisa desenvolvida pelo médico Madison Cawein.
Paul Kárason
Ele não é do Kentucky, mas também tem a pele azul. Natural da Califórnia, sua pele começou a ficar azul quando já era adulto, devido a aplicação de uma substância composta por prata. Paul Kárason é conhecido como Papai Smurf.