Judeus e maçons se uniram para tentar dominar o mundo? É esse conteúdo que o texto conhecido por Protocolo dos Sábios de Sião apresenta. Quais eram os objetivos destes dois grupos? Como eles chegariam até lá? O conteúdo é verdadeiro? Essa história deu muito o que falar no começo do último século e muita gente inocente acabou morrendo.
O que são os sábios de Sião?
Conhecido por Os Protocolos dos Sábios de Sião, ou Protocolos de Sião, consiste em um texto antissemita que alega conspiração entre judeus e maçons com o objetivo de dominarem o mundo por meio da destruição total do planeta. Esse texto foi escrito durante o período em que a Rússia vivia um czar, sendo traduzido para outros idiomas após a Revolução Russa de 1917.
Segundo o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, esse texto serviu para influenciar o nazismo e o ódio alemão contra os judeus. De acordo com publicação de 1921 do jornal londrino The Times, escrita por Philip Graves, o texto era falso e contava com diversos trechos plagiados de Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu, uma obra do francês Maurice Joly.
Qual a origem dos Protocolos dos Sábios de Sião?
De acordo com pesquisas feitas por historiadores, o objetivo dos Protocolos dos Sábios de Sião era político. Os russos desejavam afirmar a posição global do Czar Nicolau II, dessa forma desenvolveram um texto indicando que alguns grupos trabalhavam juntos para dominar o mundo, além disso, estes grupos eram rivais dos russos.
Como é o texto original?
A versão original dos Protocolos dos Sábios de Sião foi escrita em uma ata. Segundo afirmavam na época, teria sido redigido por uma pessoa durante um congresso realizado em uma assembleia na Basileia, uma das maiores cidades da Suíça, em 1898. Conta ainda que sábios judeus e maçons haviam se unido para traçar estratégias de dominação global.
O que está escrito no Protocolo de Sião?
O texto relata a suposta reunião entre judeus e maçons acontecida no século XIX. Os planos desenvolvidos incluíam mudar os valores morais do mundo não-judeu, os banqueiros judeus passariam a controlar a economia mundial, os judeus tomariam controle da imprensa e outras medidas para causar a destruição da civilização. No total são apresentados 24 protocolos, muitos deles com informações parecidas.
O capítulo 3 fala sobre Métodos de Conquista, citando que o Povo Judeu é arrogante e corrupto. No capítulo 7, com o tema Profecia de uma Guerra Mundial, fala sobre discórdias internas e o Sistema Judiciário. Mais adiante, no capítulo 12, O Reino da Imprensa e do Poder, fala sobre liberdade, censura e publicidade. O último capítulo é O Governante Judeu, que seria uma espécie de monarquia.
Quais seriam os planos dos Sábios de Sião?
Entre os supostos planos traçados da união entre judeus e maçons, estava a utilização de um país europeu como exemplo para os demais, sobre o que não deveria ser feito. Buscariam controlar a extração e a venda de ouro e outras pedras preciosas. E passariam a confundir as nações, a ponto de criarem organizações para interferirem em países que se rebelassem.
Os Protocolos dos Sábios de Sião são falsos?
Sim. Foram feitas algumas investigações para provar que o conteúdo apresentado ao mundo não era verdadeiro e se tratava de um embuste, que nada mais é do que uma obra ou um documento criado com o objetivo de parecer real. O que mais convenceu a sociedade foram os artigos publicados pelo The Times, entre os dias 16 e 18 de agosto de 1921.
Segundo as pesquisas feitas pelos ingleses, o conteúdo não era original. Seria um plágio de Serge Nilus de sátiras políticas encontradas no livro “O Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu”, publicado em 1865 e escrito por Maurice Joly. Um ano antes, também em Londres, já haviam tentado provar a falsidade dos Protocolos de Sião.
Quem escreveu os Protocolos de Sião?
As investigações apontaram que a história envolvendo os judeus e os maçons foi criada por um novelista alemão chamado Hermann Goedsche, que era antissemita e teria utilizado o pseudônimo John Retcliffe. Mesmo com a comprovação de falsidade, Adolf Hitler teria utilizado esse conteúdo para justificar a morte de milhares de judeus ao longo de uma década antes da Segunda Guerra Mundial. Para os nazistas, mesmo 30 anos depois da descoberta do texto a ideia ainda vivia.
Henry Ford e os Protocolos dos Sábios de Sião
Um dos homens mais poderosos do início do século XX, idealizador de uma linha de montagem para automóveis, Henry Ford foi um propagador desta fake news. Os Protocolos de Sião chegaram a ser publicados no Dearborn Independent, de Michigan, nos Estados Unidos, que era de propriedade do empresário. Mesmo com as citações de que o texto era falso, o jornal de Ford continuou na mesma linha.
Versão em português dos Protocolos de Sião
A primeira versão apresentada no Brasil, em Língua Portuguesa, foi feita pelo advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro Gustavo Barroso, que ainda era diretor do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro e presidente da Academia Brasileira de Letras. A publicação veio pela Editora Civilização Brasileira.
Homem assumiu a autoria dos Protocolos de Sião
Anton Idovsky, um russo, assumiu em 1931 que havia falsificado Os Protocolos dos Sábios de Sião. De acordo com a história contada pelo velho, teria tomado tal atitude após um judeu, que era gerente de um banco, ter lhe recusado um empréstimo. O homem disse ainda que se baseou no livro de Joly. Parecia que o caso havia sido encerrado, mas em 1933 Hitler ganhou poder na Alemanha e tinha neste texto as bases do ódio contra judeus.
Hitler e os Protocolos dos Sábios de Sião
No livro Mein Kampf, de 1926, escrito por Adolf Hitler é possível perceber citações indicando os Protocolos de Sião. Segundo um trecho: “O que muitos judeus fazem inconscientemente, aqui é exposto de forma consciente”. Hitler escreveu ainda que a ameaça judaica já durava 100 anos, mas que agora seria interrompida.