A partir da década de 1960 os charlatões que atuavam no Brasil começaram a sofrer com o Padre Quevedo. Muitos deles cobravam por consultas, prometendo curas espirituais ou contato com quem já morreu.
Baseado em muito conhecimento, Quevedo desmascarou muitos deles em rede nacional. Quer saber mais sobre o criador do bordão “Isso non ecziste!”? Confira a seguir.
Quem foi Padre Quevedo?
O Padre Quevedo estudou muito ao longo de sua vida, conquistando diplomas de mestre e doutor em assuntos importantes para acabar com os charlatões. Procurava sempre buscar explicações naturais para os supostos fenômenos que presenciava. No Brasil ele fez muito sucesso, travando debates épicos na televisão, onde normalmente desafiava que dobrassem o seu dedo.
Onde nasceu o Padre Quevedo?
Óscar González-Quevedo Bruzón nasceu no dia 15 de dezembro de 1930 em Madrid, na Espanha. Daí vem o seu sotaque carregado, que mesmo com as décadas vividas no Brasil continuou sendo forte. Antes de vir para o Brasil, Quevedo chegou a ficar clandestinamente exilado em Gibraltar. Veio morar na América no fim da década de 1950.
O conhecimento do Padre Quevedo
Quevedo aprendeu seus primeiros truques de ilusionismo com uma prima chamada Tereza. Estudou durante muito tempo livros de parapsicologia, aprendendo sobre espiritismo, desenvolvendo conhecimentos teosóficos, esotéricos e ocultistas.
Na Espanha estudou Humanidades Clássicas na Universidade Pontifícia de Comillas, onde conheceu o seu gosto pela religiosidade, se formando em Filosofia e Psicologia. Se tornou ainda mestre em ilusionismo e doutor em Teologia
A chegada do Padre Quevedo ao Brasil
O Padre Vicente González conhecia o Padre Quevedo e sabia de suas habilidades e interesses em relação ao ocultismo. Então convidou o espanhol, dizendo que aqui era um território fértil para ele trabalhar. Assim que chegou, foi estudar em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde em 1961 foi ordenado padre. Logo ganhou a cidadania brasileira e falava orgulhoso sobre isso.
Padre Quevedo na televisão
O Padre Quevedo ganhou grande popularidade em todo o território nacional já que se tornou uma estrela de TV, onde solucionava diversos mistérios. Na década de 1970 a Rede Globo trouxe ao Brasil o ilusionista israelense Uri Geller, que entortava colheres, garfos e facas. Os dois homens se reuniram por 5 horas, então Quevedo descobriu os truques de Geller.
Nos anos seguintes passou a fazer diversas participações na televisão, até mesmo comparecendo a programas de auditório. Normalmente debatia com médiuns, pastores, ufólogos, ateus e curandeiros. Quando alguém alegava um poder espetacular, Quevedo era contatado. Foi chamado pelo Globo Repórter para desvendar mistérios envolvendo materialização no algodão, por exemplo.
Foi somente em 2000 que Quevedo ganhou um quadro próprio na televisão, no Fantástico, da Globo. Foi ao ar a cada duas semanas, entre os programas de 2 de janeiro e 5 de maio. A audiência conquistada foi maior do que a de Mr. M, que revelava segredos de ilusionistas. O quadro chegou ao fim provavelmente por confrontar com crenças da população brasileira.
Debates na televisão
Padre Quevedo participou de diversos debates em diferentes emissoras de televisão do Brasil e da América Latina. Um dos mais famosos foi contra Inri Cristo, que dizia ser a reencarnação de Jesus Cristo. Foi transmitido pela TV Iguaçu, afiliada do SBT, nessa ocasião Quevedo falou em latim, grego e hebraico, testando Inri que não entendeu nada.
Os dois se encontraram novamente no Programa do Ratinho, onde Quevedo desafiou Inri a dobrar um de seus dedos. Normalmente oferecia 10 mil dólares para quem conseguisse dobrar o seu dedo por meio de magia. Sua última aparição na televisão aconteceu no extinto programa Agora é Tarde, onde prometia R$ 200 mil para quem cumprisse o desafio.
“Isso non ecziste!” Padre Quevedo
Quando o Padre Quevedo participava de programas na televisão, normalmente confrontando pessoas que diziam ter poderes especiais, ou desafiava que entortassem o seu dedo, usava a frase: “Venham todos contra mim.
Não tem poder nenhum. Isso não existe!”. Com o sotaque carregado, na verdade ele falava algo como “Isso non ecziste!”, se tornando um bordão reproduzido até hoje no Programa do Ratinho.
Desmascarando charlatões
Uma das especialidades do Padre Quevedo era desmascarar charlatões. Para isso, ele estudou profundamente sobre ilusionismo, se tornando ótimo no assunto. Dessa forma passou a conhecer as técnicas empregadas por falsários que buscavam enganar a população a fim de conseguirem dinheiro. Quevedo desmascarou ainda charlatões que diziam fazer cirurgias espirituais.
Muitas dessas práticas estavam ligadas ao curandeirismo e outras ao suposto domínio da parapsicologia. Alguns chegavam a alegar que utilizavam a força da mente ou que eram beneficiados por extraterrestres. Sempre buscava explicações naturais e lógicas para os eventos que presenciava. Quando se tratava de ilusionismo, ele mesmo realizava o truque para provar a farsa.
Pioneiro em Demonologia
O Padre Quevedo lançou em 1981 o livro “Antes que os demônios voltem”, inicialmente sendo censurado, até 1989. Essa é considerada por especialistas como uma das melhores obras sobre a Demonologia. Baseado em critérios científicos, Quevedo tratou sobre vários ângulos da história, teologia, filosofia, psiquiatria e parapsicologia sobre fenômenos sobrenaturais.
O livro apresenta casos polêmicos de Demonologia, explicando sobre levitação, estigmas, feitiços, adivinhações e movimento de objetos, entre outras práticas. Quevedo cita ao longo das páginas que essas questões são tratadas de forma doutrinal e experimental. A obra carrega posicionamentos que consideram a fé a razão.
Livros de Padre Quevedo
Ao longo de sua extensa carreira, Quevedo escreveu mais de 15 livros, entre eles “O que é parapsicologia”, “A face Oculta da Mente”, “As Forças Físicas da Mente”, “O Poder da Mente na Cura e na Doença”, “Nossa Senhora de Guadalupe”, “Os Espíritos e os Fenômenos Parafísicos”, “Há provas de que os Mortos Agem?”, “Corpos Incorruptos”, “Revitalizações na História Sagrada” e “Curandeirismo: um Mal ou um Bem?”.
Morte Padre Quevedo
O Padre Quevedo morreu aos 88 anos de idade, no dia 9 de janeiro de 2019. Ele apresentava complicações no coração e faleceu em Belo Horizonte. Morreu na Casa Irmão Luciano Brandão, no Bairro Planalto, onde são atendidos jesuítas idosos e com problemas de saúde. O sepultamento aconteceu no dia seguinte.