Existe um grupo de mais de 30 mil pessoas, entre homens e mulheres, destinados a protegerem os preceitos cristãos na Terra Santa. Eles praticam atividades que garantem a propagação da fé católica e ajudam a população daquela região. Como eles atuam? Quais símbolos eles utilizam? Quer saber mais história sobre este grupo? Confira a seguir.
Quem são os Cavaleiros de Jerusalém?
A Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém ou apenas Cavaleiros de Jerusalém é uma entidade da Santa Sé que tem por finalidade suprir as necessidades do Patriarcado Latino de Jerusalém e ampliar o número de cristãos presentes na Terra Santa. Atualmente são mais de 30 mil membros, representados por Cavaleiros e Damas que vestem capas especiais.
Quando foi criada a ordem dos Cavaleiros de Jerusalém?
A Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém se originou por meio da Ordem dos Cônegos do Santo Sepulcro, que foi constituída após a conquista da cidade por Godofredo de Bulhão, na Primeira Cruzada. Na sequência, cavaleiros de diferentes regiões fizeram votos afirmando seguir o juramento e entregar suas vidas para defender o Santo Sepulcro. A história foi contada no livro “A Jerusalém Libertada”, escrito pelo espanhol Torquato Tasso, em 1581.
A ordem teria sido lançada em 1103, conforme Balduíno I de Jerusalém e então teria mais de 915 anos. O superior da ordem seria o rei cruzado, caso este fosse impedido de assumir as funções, o Patriarca Latino de Jerusalém deveria seguir. Em 1114 o Patriarca de Jerusalém, Arnolfo de Choques obrigou os membros a viveram sob a regra de Santo Agostinho.
O que é Santo Sepulcro?
A Basílica do Santo Sepulcro ou apenas Santo Sepulcro fica na Cidade Velha de Jerusalém, onde de acordo com João (19:41-42), Jesus Cristo teria sido crucificado, sepultado e ressuscitado ao terceiro dia. É considerado um dos ambientes mais importante para os cristãos, sendo administrado por diferentes igrejas como a Romana, Ortodoxa, Armena e Siríaca, isso desde os tempos dos cruzados.
Qual o objetivo dos Cavaleiros de Jerusalém?
A ordem tem como objetivo reforçar as práticas da vida cristã, seguindo tudo o que é pregado pelo Sumo Pontífice e de acordo com os ensinamentos da Igreja. Seguem princípios de caridade e trabalham para ajudar os moradores da região. Tem ainda como objetivo sustentar as atividades culturais e sociais da Igreja Católica, principalmente as do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Outra meta é apoiar a preservação e colaborar para a propagação da fé em Jerusalém, possibilitando a participação de católicos espalhados por todos os cantos do mundo. Os Cavaleiros defendem ainda os direitos da Igreja Católica. É ainda a única instituição secular do Vaticano encarregada de auxiliar nas necessidades do Patriarcado Latino.
Quais símbolos dos Cavaleiros de Jerusalém?
A ordem segue a padroeira Nossa Senhora da Palestina, a quem junto com o Patriarcado Latino destinam um santuário, criado em 1928, na cidade de Deir Rafat, que fica a 30 quilômetros de Jerusalém. Tem a Cruz de Jerusalém, que é o principal símbolo da ordem e acredita-se que tenha surgido no século XI, são cinco cruzes, que representam as chagas de Cristo, cada uma delas com um tipo de simbolismo.
Os Cavaleiros de Jerusalém seguem a Palma de Jerusalém, iniciada em 1949, onde existem três graus: ouro, prata e bronze, sendo destinada aos membros que tenham prestado algum serviço excepcional. Outro símbolo importante para a ordem é a Concha do Peregrino, sendo esta uma condecoração aos Cavaleiros peregrinos da Terra Santa, imposta pelo Patriarca.
Qual o lema dos Cavaleiros de Jerusalém?
Os Cavaleiros de Jerusalém seguem o lema “Deus vult”, ou “Deus lo vult” em latim medieval, onde em português significa “Deus o quer”. No início foi utilizado como um grito de guerra assim que foram convocados pelo Papa Urbano II ainda na Primeira Cruzada. Nessa época foram solicitados a defender a Terra Santa contra a invasão dos Turcos Seljúcidas.
Qual a estrutura dos Cavaleiros de Jerusalém?
Desde que a Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém foi criada, há quase mil anos, existem dois tipos de membros. Os cavaleiros, que se dedicam a guerra e atividades ingratas a outra parte é o Clérigo, que lidam com as ações de da igreja e Ordem. Eles seguem uma hierarquia pré-definida onde o Cardeal Grão Mestre é nomeado pelo papa. Atualmente são cerca de 30 mil membros.
Quem é Grão Mestre é conhecido por Grão Magistério e tem como objetivo traçar as ações de operação cristã em Jerusalém. Hoje em dia o Grão Magistério é dividido em 52 partes espalhadas por quase todos os continentes, sendo 24 na Europa, 15 na América do Norte, 5 na América do Sul, 6 na Austrália e Extremo Oriente e 2 na Ásia.
Natureza jurídica da ordem
A Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém é considerada uma associação de fiéis e leigos aberta ao público católico. Foi estabelecida com base no Direito Canônico e o seu maior chefe é o papa. Tem como missão auxiliar a Igreja Católica na Terra Santa e fazer com que a população local realize práticas cristãs. A Santa Sé é a única organização que pode atuar sob a fé em diferentes países.
Período complicado para a ordem
Durante um período da história os cristãos desapareceram de Jerusalém, então a ordem perdeu forças na região. O Patriarcado Latino ficou vago, assim a missão de formar novos cavaleiros ficou para os Franciscanos. Em 1489 o Papa Inocêncio VIII chegou a extinguir a ordem, até mesmo repassando as propriedades.
A volta dos Cavaleiros de Jerusalém
Demorou alguns séculos para que os Cavaleiros de Jerusalém voltassem, com a autorização do Papa Pio IX, em 1847. Foi constituído um novo estatuto e o objetivo do grupo passou a ser a proteção da Santa Sé. Foi com o Papa Leão XIII, em agosto de 1888, que as mulheres leigas passaram a ter acesso a ordem.
A partir de 1949 o Papa Pio XII definiu que o Grão Mestre fosse um cardeal da Igreja de Roma. Em 1977 Paulo VI garantiu os propósitos da ordem: praticar a vida cristã, custódia e manutenção da fé cristã na Palestina e a defesa dos direitos da Igreja Católica na Terra Santa.